sábado, 23 de agosto de 2014

#QLQRUA: A procura...

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Sentiu falta de post da série Em qualquer rua?! Desculpinha...

Estou em busca de novas histórias e elaborando outras. Fique atento no próximo sábado tudo volta ao normal.

Beijo :*

domingo, 17 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - Final

Leia as partes anteriores da história.

Os dias se passaram de forma lenta e gradual. A tarde caia de maneira amena e um belo pôr do sol, que anunciava a chegada da primavera, encerrava aquele dia. Em meio ao burburinho das pessoas ouviu-se um tiro. O barulho vinha dos fundos da igreja. Alguns corajosos foram até lá verificar o que havia acontecido e quando chegaram viram o investigador caído no chão. Alberto tinha levado um tiro na cabeça. No horizonte as pessoas que foram socorrer o pai de Aninha viram um homem correndo e entrando em um carro que saiu em disparada. O carro provavelmente atingiu uns 140 ou 160 quilômetros por hora. As testemunhas não conseguiram definir muito bem a velocidade exata que o veículo poderia ter atingindo, pois a prioridade era salvar a vida do investigador, já que ele era um homem querido por todos os moradores daquela região. Algumas pessoas que presenciaram o fato disseram que o criminoso lembrava muito o delegado.

A polícia chegou junto com a ambulância. Quando os enfermeiros foram colocar Alberto na maca perceberam que nas mãos dele havia um envelope. O objeto foi entregue a outro investigador, porque o delegado não estava presente no momento. No envelope estava o laudo que continha os resultados das causas de mortes das vítimas do vampiro. Em meio aos textos um chamava a atenção:

[...] Os crimes foram cometidos por um homem que provavelmente possuí uma doença patológica chamada vampirismo. Quem sofre desta patologia consome sangue e são conhecidos como hemofágos. Em alguns casos são capazes de cometerem crimes para conseguirem o que querem.

O DNA do assassino encontrado nas vítimas é de um hemofágo e não é compatível com nenhum dos principais suspeitos. Com 99,99% de negatividade [...].
O investigador foi hospitalizado entre a vida e a morte. Sobreviveu bravamente e os médicos consideraram um milagre ele não ter ficado com sequelas. Ao acordar e recobrar os sentidos a primeira coisa que disse era que sabia quem era o vampiro e também quem tinha tentado matá-lo. O delegado, por sua vez, desapareceu sem deixar rastros. Ninguém mais o encontrou e muito menos ouviu falar nele depois daquele dia em que o investigador sofreu o atentado.
Aos poucos a cidade e a Rua da Praça retornaram aos seus ritmos normais. Sumiram o vampiro e os corpos mutilados.

(Bruna Santos de Souza. Porto Alegre, de julho de 2009 a 26 de julho de 2011)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 8

Leia as demais partes da história.

X estava com Eduardo e se afastou dele para urinar no banheiro público que havia no local, quando voltou viu o amigo já morto e tendo seu sangue bebido pelo vampiro. Como se escondeu, ele conseguiu identificar quem era o assassino, mas o vampiro não o viu.

O rapazote reconheceu quem era o criminoso e ficou com bastante medo. Não era qualquer pessoa da cidade, o bandido tinha certa influência na região. Ele não poderia contar o que viu para a polícia seria muito arriscado.

Contudo, X conhecia Aninha desde criança e sabia da índole de Alberto. Tomou coragem e chamou o pai da amiga para uma conversa séria, sem testemunhas. Fez questão de revelar tudo que havia visto na noite anterior, desde que não s e falasse o nome dele a polícia, principalmente ao delegado. Após dizer tudo que sabia ao investigador, X desapareceu. Foi embora da cidade com a família.

Uma note após a confissão de X, o investigador foi até a delegacia de uma forma tão sutil que os três policiais que faziam o plantão nem perceberam a entrada dele. Já na sala do delegado ele vasculhou os armários e encontrou os laudos dos exames. Chegou a uma conclusão terrível.

Diego mesmo morando em outra cidade teve a sua prisão decretada, já que tinha voltado a ser o principal suspeito. Maria Aparecida continuava presa.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 7

Leia as partes anteriores do conto.

Diego era simpático, querido, mas também possuía um humor sarcástico. Na segunda semana em que esteve preso, ele revelou que Maria Aparecida também havia ido à casa do velho antes dele.

_Ela estava saindo da casa, eu vi quando passei pela casa. Eu estava indo até a padaria comprar um bolo para comemorar o aniversário da minha sobrinha. Depois dos relatos, o delegado pediu que ele repetisse a história ao escrivão.

Maria Aparecida foi presa para averiguações. Ela confirmou a história, mesmo assim Diego não foi libertado. O rapaz só saiu de lá quando apareceu na cidade a namorada que ele havia arranjado durante a viagem. Ela confirmou a história de Diego e tinha uma forte prova: estavam grávida dele.

Alberto estava ansioso, depois de meses os resultados da investigação estariam prontos. Assim saberiam em breve quem era o vampiro que vitimou três pessoas. Os resultados estariam prontos bem antes, mas o delegado esqueceu, no início das investigações, de acrescentar certos dados em algumas amostras de sangue dos assassinados. Essas faltas de dados fizeram com que os resultados das amostras demorassem o dobro do tempo para ficarem prontas.

Depois de um mês, os resultados com as indicações do provável assassino chegaram à delegacia, porém o pai de Aninha não tomou conhecimento disso. Os documentos foram muito bem guardados.

Quando tudo parecia estar ficando calmo eis que outro crime ocorreu, tão cruel quanto os demais. O rapaz morto nem ao menos teve tempo para se defender. A vítima se chamava Eduardo e tinha 16 anos. Era estudante do ensino médio, cursava o primeiro ano. Era noite e ele estava na praça fumando maconha. Esse assassinato se diferenciava em um ponto dos demais. Tinha uma testemunha.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da rua da praça - parte 6


Chegando na casa dos pais de Diego, Alberto conversou com a irmã dele e questionou sobre onde o homem estava. Sem saber o motivo da visita, ma muito desconfiada, a mulher explicou que o irmão tinha viajado para a capital. Ia fazer uma visita a prima que estava grávida, e só voltaria na próxima semana.  O investigador, então, explicou o que motivou a visita. A mulher ficou perplexa ao saber do assassinato do velho. 

Duas semanas se passaram e Diego não retornou da viajem. O fato é que fez as suspeitas recaírem com mais força sobre o jovem rapaz. 

O inquérito policial estava prestes a ficar pronta e o clima na região estava ainda mais tenso. Ninguém mais dormia sossegado. Quando anoitecia nenhuma viva alma era vista na rua, era como se houvesse toque de recolher. Instaurou-se naqueles habitantes uma espécie de medo coletivo e de desconfiança. Aquelas pessoas passaram a desacreditar até mesmo nas suas próprias sombras.

Diego retornou a cidade e logo depois descobriu que era o principal suspeito dos assassinatos em série. O delegado sabendo da chegada do jovem foi decretado a prisão dele.

_Não fui eu! Exclamava o rapaz. Mesmo assim foi preso.

Em depoimento, Diego contou-me ao delegado que havia ficado na outra cidade, na qual mora a prima, por causa de uma garota, por quem se apaixonou. Só voltou para casa dos pais para pegar as suas coisas e avisar pessoalmente para a família que não iria mais morar com eles. Pois aceitou o convite dos tios, iria morar com eles para ficar perto da namorada. Mesmo com a explicação ficou preso.


domingo, 10 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 5


Diego foi à casa do velho Jurandir como a irmã pediu e lá passou algumas horas. Maria Aparecida também foi visitá-lo e levou uma panela de sopa para aquecê-lo, porém a visita foi rápida e demorou apenas alguns minutos.

Dois dias se passaram e ninguém sabia noticias de Jurandir. A casa estava com as janelas fechadas e o jardim mostrava que não havia sido limpo. Diego sempre prestativo foi até o imóvel do velho para saber se ele estava lá e se precisava de alguma coisa. Chegando lá viu que a porta dos fundos estava aberta e o cheiro que emanava lá de dentro não era nada agradável. Espiou pela fresta e saiu de lá como se nada tivesse visto e nada tivesse acontecido.

Quando a noite chegou as notícias sobre o desaparecimento de Jurandir já haviam tomado conta da rua. A polícia sabendo resolveu procurá-lo. Começaram pela casa atrás de pistas sobre o paradeiro do idoso. O delegado acreditava que o velho poderia estar em um hospital ou até mesmo na casa de um parente, que os moradores dali desconheciam. Nada poderia ser descartado.

Ao chegarem à casa de Jurandir, os policiais perceberam que uma das postas estava aberta. Quando entraram viram que o velho estava jogado no chão da sala, morto em meio a uma poça de sangue. Sem tocar no corpo, apenas ao observá-lo, Alberto percebeu que no pescoço de Jurandir estava marca de uma profunda mordida, semelhante aos outros dois casos.


O investigador ficou sabendo que Diego tivera no imóvel durante a tarde e que certamente viu o corpo. Desconfiado ele foi, acompanhado de mais três policiais, até a casa do rapaz em busca dele. Alberto queria saber o porquê Diego não informou a polícia sobre o morto.

sábado, 9 de agosto de 2014

#QLQRUA: O olhar

Imagem da internet
O olhar dela para ele gera dúvida. Não nele, mas nela mesma. Ele tem certeza e demonstra isso no olhar. Quando os dois olhos se veem mandam recados uma para outro. Um avisa não chega perto, não sei o que quero. O outro avisa eu sei que te quero, mas não sei se tão perto, tenho medo.

Ora em meio a essa indefinição do jovem futuro casal quem observa a cena dá aquela olhadinha para cima e larga um aff (como se ela mesma nunca tivesse passado por aquilo um dia). Acha tudo uma perda de tempo.

Do lado se concentra um pequeno grupinho de amigos que ao verem tudo que acontece conversam e tecem comentários, porém sem abrir a boca apenas, adivinhe, com os olhos.

Sim, meus caríssimos a crônica de hoje é sobre um mecanismo que aprendemos a usar antes mesmo da fala, o olhar.

Quem nunca fez a carinha do Gato de Botas do Shrek  que atire a primeira pedra. Os olhos comunicam muito e em muitas vezes falam melhor que nossas bocas. O olhar que emitimos para alguém para salvar nossas peles, para comentar algo que achamos esquisito ou simplesmente como arma de sedução é uma arte primária que dominamos ainda pequenos.

Olhas pidão. 
Engana-se quem lembra dos olhos apenas com a função de enxergar. Costumo dizer que eles tem uma missão muito maior. Muitas vezes é com eles que emitimos nossos pensamentos. Incluindo aquele que não queríamos de forma alguma que fosse exposto.

Muitos poemas que li falavam da beleza dos olhos, mas poucos mencionam a importância do olhar. Olhos e olhar não são a mesma coisa. Olhos são aquilo que usamos para ver, o olhar que usamos para nos comunicar. Quando estamos felizes nossos olhos brilham, dirão. Correto, mas o que aquele brilho demonstra? Que estamos felizes, ou seja, aquele brilho é uma forma sutil de olhar.

Mas lembre-se, um olhar pode ser demasiadamente revelador. Assim como também esconder muita coisa. Nos olhares podemos perceber diferentes personalidades das pessoas e até mesmo dos bichos. Ninguém tem o olhar igual ao mesmo tempo que todos tem muitas singularidades.

Para finalizar uso uma frase do poeta Mário Quintana.
"Quem não compreende um olhar, 
tampouco compreenderá uma longa explicação."
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Leia as demais crônicas da Série Em qualquer Rua.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 4

Leia as primeiras partes no link

Alberto e os demais policiais, em torno de oito, foram até um beco escuro, afastado das casas, pois suspeitavam que os gritos viessem de lá. Ao entrarem na ruela viram que lá estava uma mulher alta e bem arrumada, parecia que estava indo para uma festa antes de ser assassinada. O corpo estava no chão e nas mãos dela havia sinais de quem lutou com alguém para sobreviver. No pescoço da vítima marcas de dentes, similares aos encontrados no corpo do homem assassinado anteriormente.

Já na delegacia o investigador concluiu que este assassinato estava ligado ao do primeiro homem encontrado. O caso estava cada vez mais enrolado. O criminoso não tinha um tipo específico de vítimas, não existia suspeitos e as únicas provas eram as marcas profundas de dentes em ambos os mortos.
Passou uma semana e não houve mais nenhum caso de crime na Rua da Praça. No entanto a polícia descobriu que tanto o homem tanto a mulher eram desafetos de dois moradores daquela rua.

O homem havia sido fiador de Maria Aparecida quando ela comprou a casa que morava. Como ela pagou apenas metade do financiamento, quem arcou com o restante da dívida foi ele. Esse homem estava cobrando a dívida de Maria Aparecida já fazia alguns meses. Já a mulher era enfermeira e cuidava da filha doente do velho Jurandir. Ele não suportava a enfermeira desde a morte da menina, tanto que a culpava pelo fato ter acontecido. Para Jurandir os cuidados da mulher não foram o suficiente para evitar a morte da filha.


Mais uma vez o tempo passou e com ele o medo dos moradores desaparecia e a rotina destes voltava ao normal. O velho Jurandir estava muito doente. Adquiriu uma forte gripe e por causa da idade o estado de saúde do idoso não era bom. A irmã de Diego com pena do homem fez um bolo para ele, mesmo sem conhecê-lo muito resolveu fazer este agrado. Com o bolo pronto ela pediu ao irmão que ele levasse o presente até a casa de Jurandir. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 3


Um mês do assassinato passou. Era inverno. Durante aquela noite fazia muito frio e uma fina neblina descia sobre as casas. Nada de estranho acontecia naquela noite, entretanto a cada barulhinho os moradores corriam para as janelas.  Desde que o corpo foi encontrado, Aninha não conseguiu mais dormir tranquilamente. Naquela noite estava mais agitada que o normal. Sem conseguir dormir foi fazer companhia ao pai, que era o investigador responsável pelo caso do assassinato. Aquela seria mais uma noite que ele, chamado Alberto, passaria em claro tentando desvendar as pistas do crime. 

O silêncio da noite foi encerrado por gritos aterrorizantes. Por conta do horário a maioria das pessoas se encontrava em suas camas, mas com o grito levantaram apavoradas. Entretanto ninguém teve coragem de pôr o pé fora de casa antes de a polícia chegar para averiguar o ocorrido. 

Quando a polícia chegou a rua ficou mais iluminada, em virtude dos faróis dos carros e de lanternas trazidas por eles. Por causa disso muitos dos moradores criaram coragem e saíram de dentro de suas casas para ver o que estava acontecendo ou o que gerou a gritaria de minutos antes. Apesar de bem iluminada a fina névoa cobria o cenário e dificultada a visibilidade. Alberto, pai de Aninha, saiu às pressas de casa e não deixou que a jovem o acompanhasse, ele suspeitava de outro ataque do então criminoso desconhecido. Ele foi até os policiais que estavam na localidade para saber o que estava se passando. Ao cumprimentá-los ele sentiu falta do delegado responsável pela delegacia da região. Ao perguntar aos colegas onde o delegado estava não obteve uma resposta satisfatória. Nem mesmo a esposa do homem sabia do paradeiro do delegado. 


terça-feira, 5 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 2


O homem morto demonstrava que estava bem vestido na hora que em que foi brutalmente assassinado. Suas roupas estavam rasgadas, o rosto estava desfigurado, os pulsos amarrados e no pescoço marcas de dentes. Quem fora o cruel a cometer aquela barbaridade?

A polícia quando chegou a praça colheu depoimentos de quem estava ali. Isolou o local e chamou-se a perícia. A cena do crime deveria se manter intacta. No boca a boca corria que o assassino só poderia ser um lobisomem. Outras pessoas, contudo, diziam que o ataque tinha sido de vampiro. O medo começou a se instalar e nunca antes as pessoas tinham procurado tanto por livros sobre personagens lendários. Alguns até passaram a sair armados de casa, com alho e crucifixo. E os mais exagerados tinham também estacas de madeira.

Os dias foram passando e a localidade voltou a ter aos poucos sua rotina normal, mas alguns repórteres ainda transitavam pela rua, principalmente na praça, onde foi encontrado o corpo. Para a polícia o mistério continuava, principalmente porque não se sabia a identidade da vítima, nem o que foi motivo para ele ser morto daquela forma. 

Os moradores da Rua da Praça ainda estavam espantados com o crime. Assim como a polícia, ninguém tinha ideia de quem poderia ser aquele homem. Todos estavam muito preocupados, com exceção de três pessoas.

Jurandir era um velho agricultor que morava em uma pequena casa. Largou o campo para poder cuidar da filha que tinha câncer pulmonar. Com o falecimento da menina, ele se tronou depressivo e frio. Era um homem com poucos amigos, e as más línguas diziam que ele enlouqueceu. Jurandir observou tudo o que ocorreu naqueles dias através de uma fresta da janela da sua casa.

Maria Aparecida era do tipo que dizia que não temia nada. Vivia em um imóvel aparentemente simples e do passado dela ninguém sabia nada. Alguns comentavam que Maria Aparecida havia sido presa por matar o marido e depois esquartejá-lo. O fato é que ela nunca negou o caso. Alguns fofoqueiros, mais alarmistas, diziam que a mulher bebeu o sangue do finado marido após tê-lo matado. Porém, tudo não se passavam de boatos de vizinhança e que não se sabe se as informações eram legítimas.

O terceiro, contudo, não era nenhum suspeito padrão. Diego era do tipo cara “brother”, amigo de todos. Vivia em uma casa bastante movimentada. O jovem morava com os pais, a irmã, o cunhado (no qual ele não simpatizava), duas sobrinhas e uma prima (que tinha sido namorada dele na adolescência). Enquanto todos comentavam sobre o assassinato, ele dava de ombros e dizia: _ Vou me preocupar, por quê? Eu nem sei quem era o dito cujo. 

#Conto

domingo, 3 de agosto de 2014

#Conto: Os assassinatos da Rua da Praça - parte 1

Quando eu era criança sonhei em virar escritora, mas quando cresci desisti da ideia. Tive então de escolher uma profissão ou vocação. Escolhi a última opção e virei jornalista. Então descobri que além de curiosidade um bom jornalista é um contador de histórias. Redescobri assim uma mania infantil, a de criar histórias. Publico aqui mais um conto. O segundo de mistério que escrevi. O primeiro foi O político e a prostituta, de 2007. Porém, este é bem diferente, para começar demorei dois anos para por todas as ideias no papel (literalmente, pois foi escrito a mão) e mais três para ter coragem para digitar as nove páginas, sendo um ano para mostrar.

Os assassinatos da Rua da Praça é um conto nada previsível. Mas quem ler com atenção descobrirá aos poucos o grande segredo: quem é o serial killer que mata de forma cruel as pessoas que habitam a rua?

Este texto mostra uma evolução da minha escrita se comparar com o primeiro conto (ainda bem, hehehehe). Espero que gostem.

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 Os assassinatos da Rua da Praça


A noite apesar de escura estava bastante calma e comum, porém alguns barulhos estranhos romperam o silêncio. Estalos altos. Pareciam que os gravetos, que estavam espalhados por causa do outono, haviam sido quebrados por pés pesados. Na rua encontravam-se apenas algumas pessoas que caminhavam apressadas para suas casas, nos becos havia alguns marginais escondidos às escuras. Mas o que eram aqueles barulhos, não se sabia ao certo.

O dia amanheceu um pouco nebuloso. O sol se escondia entre as nuvens e seus raios apareciam de forma tímida. As folhas das plantas havia gotas de orvalho e nos carros a geada da noite deixou suas marcas. A rua, assim como toda a cidade, tomou seu ritmo diurno logo cedo. Pessoas saiam de suas casas com passadas rápidas rumo as paradas de ônibus, carros saiam de suas garagens e o barulhinho entre os estudantes começou, assim que eles saíram para suas escolas e cursos. Muitos reclamavam do frio, contudo uma dúvida pairava na cabeça de todos. O que será que eram aqueles sons esquisitos da noite anterior? Para muitos eram apenas galhos que haviam sido esmigalhados por alguém de corpo mais pesado. Tudo mudou esta ideia após um grito forte de pavor. Aninha estava aos berros.

Aninha era uma pré-vestibulanda e saiu minutos antes de casa enrolada em cachecol e casaco de lã. Apesar de ser outono a temperatura naquela semana marcavam no máximo 10 C°. Ela morava perto da praça que dava nome a região “Rua da Praça”. O local era bastante arborizado e um dos locais preferidos dos moradores. Ao abrir o portão para ir ao cursinho, Pompom, seu cachorro de longos pelos brancos, fugiu rumo à praça. Aninha sem pensar correu atrás do malandrinho e ao pegá-lo em meio às árvores soltou o tenebroso grito.


Muitos correram para ver o que tinha acontecido com a jovem, afinal a menina não era do tipo de se assustar fácil. Apesar da frágil aparência ela demonstrava ter uma personalidade fortíssima. Algumas pessoas que foram até a praça para socorrer Aninham ao chegarem até lá perceberam que a menina estava paralisada, olhando para o nada, pálida. As mãos que seguravam o cão tremiam. Um senhor foi até a garota, colocou a mão no ombro dela e em seguida a abraçou forte, colocando a cabeça da menina em seu peito de forma de tapar os olhos dela. Olhando para as demais pessoas que estavam ali ele pediu para alguém chamar a polícia. Havia um homem morto entre as árvores. 

sábado, 2 de agosto de 2014

#QLQRUA: A menina e seus livros

A menina e seus livros. Uma relação nem sempre entendida pela maioria. Com seus longos cabelos azuis ela vai para a escola e leva debaixo do braço a última publicação da série literária preferida. Não tem muitos amigos, mas os poucos são assim. Trocam alguns passeios barulhentos por locais tranquilos, onde se pode ler.

A guria já foi chamada, algumas vezes, de esquisita, não pela cor dos cabelos, e sim pelo jeito tranquilo de ser. A jovem leitora ainda não sabe bem o que quer ser quando crescer, apenas enfatiza o sonho de ter em casa uma biblioteca.

Imagem divulgada em Redes sociais
Do outro lado do planeta, em um país que vive um dos momentos mais horrorosos na história da humanidade atualmente, uma jovem palestina é tão apaixonada por livros quanto a brasileirinha que descrevi acima. Após um bombardeio, a jovem vai até os destroços de sua possível casa e recolhe do meio do entulho, livros. Fotografada no exato momento que recolhia as obras, teve sua imagem divulgada e compartilhada mundialmente.

A cena lembra muito uma descrita no livro "A menina que roubava livros", no qual a personagem recolhia um livro que sobrou intacto, depois de uma fogueira de livros criada por soldados nazistas.

Em meio ao embate entre Israel e Hammas, quem sofre é o povo palestino. Os números de mortos são alarmantes e até este momento passa dos mil e 600 mortos. Segundo informações da Unicef cerca de 300 crianças são vitimas desta guerra desleal. Crianças e jovens que, assim como a garota dos livros, eram cheios de sonhos, esperanças e gostos.

Imagem divulgada em Redes sociais
Em uma sociedade que não valoriza a educação, chamar um fã de literatura de estranho é algo plausível, infelizmente. Em um conflito político de elevado embate quem sofre é a população. São os jovens que perdem futuros e morrem no presente.

Espero um dia, ansiosamente, em que pessoas que têm gostos diferentes da maioria não recebam  rótulos de anormal, nem quero mais ver crianças que recolhem seus livros e seus pertences de meio de tragédias causadas pelos homens.

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Leia as demais crônicas da série Em qualquer rua . Na semana passada por problemas técnicos não foi possível publicar a série.