sábado, 23 de novembro de 2013

Nina vai ter filhotes

Nina, minha periquita, vai ter filhotes, é o que esperamos. Há uma semana atrás ela colocou o primeiro ovinho e até agora já somam o total de cinco. Ela não quis o ninho e fez de cama um espacinho no chão da gaiola. Passa o maior tempo chocando e cuidando com carinho daqueles ovinhos miúdos e branquinhos.

Preferiu juntar sujeirinhas e fazer o ninho ali.
Não é a primeira vez que a Nina pões ovos, isso já aconteceu outras três ou quatro vezes, mas todos goraram. Certamente isso aconteceu porque ela havia cruzado com o Zezinho, um periquitinho velhinho que nós tínhamos. Depois que ele morreu, meu irmão comprou o Bobi, um jovem passarinho azul (igual a Nina), que logo que chegou se encantou com as habitantes da gaiola.

O Bobi é um bom pai, porém não leva muito jeito. Na gaiola está a vovó Florzinha (ela é amarelinha) que já ameaçou chegar perto dos ovos algumas vezes. Ele não defende os "babies" apenas grita e bate as asas apavoradamente, isso para chamar a nossa atenção. Esse escândalo todo é um pedido de socorro em periquites, eu acho.

Tímido, tirar foto dele é o maior sacrifício 
Estou ansiosa para ver os pequenos nascerem, e também na expectativa de que desta vez vai dar certo, pois agora o parceiro da minha pequena gritona (eu costumo chamá-la assim, pois ela berra muito) e jovem como ela. Eles são pais cuidadosos com os ovos e pelo que vi serão com as avezinhas.  Agora é esperar mais 18 dias.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

QLQRUA: Uma bonequinha de chocolate

Inquieta encantou muita gente./ Foto: internet

Ela mais parecia uma boneca chuquinha (aquelas que toda menina tinha na década de 1980 e 1990), só que feita com massa de bombom. Tinha olhos brilhantes, um nariz pequeno assim como suas orelhinhas. Os cabelos cacheados batiam no ombro, e o vestido curtinho mal tapava o seu bumbum. Em baixo do vestido lilás com poa branco, um shortinho rosa pink. Cores, geralmente, preferidas por meninas de 6 anos, idade que provavelmente tinha.

Tagarela como só, não deixou a vó nem um pouco quieta. A coitada mal podia cuidar se o ônibus que esperavam já estava perto de chegar. A cada minuto tinha um assunto diferente e entre eles soltava um "vó, vó, vó sabia que". A mulher olhava para a pequena e sorria e escutava, nem sempre atentamente, e quase sempre respondia os questionamentos da neta.

A guriazinha, pelo jeito, tinha ficado sem assunto. Mas não se calou. Ficou a cantar baixinho uma música em uma língua que certamente só ela entendia, e dançava com toda a ingenuidade e beleza infantil.

Eis que ficou com sede e pegou das mãos da vó uma garrafa de água mineral. Tomou um gole e fechou, acidentalmente esmagou a garrafa. Achou divertido! Amassou toda a pet e achou que tomar água com ela toda torta era divertido.

Quando o ônibus chegou, nem percebeu. Ganhou no susto um colo da avó e entrou no coletivo. Descobriu em meio a ansiedade uma nova maneira de tomar água, em meio aos adultos não se importou em dançar. Mostrou para muitos adultos daquele lugar o quão é divertido ser criança, e encantou muitos.


Leia mais alguns contos/crônicas (ou qualquer coisa do tipo) da série Em qualquer rua.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O dia que a política do Brasil avançou um pouquinho

Texto que escrevi no meu mural no Facebook sobre a prisão dos Mensaleiros. Resolvi compartilhar aqui também, pois este é um grande momento para a história política do País.

"Nunca antes na história desta república vi cena ou estudei algo como esta. Estudei Monarquia, República Velha, Estado Novo, República, Ditadura Militar e a volta da República Democrática. Vivi a queda de um presidente eleito, mas eu era muito pequena e quase não lembro. Mas hoje foi histórico: a prisão dos mensaleiros. Um pequeno avanço para a humanidade mundial, um passo gigantesco para a história social do Brasil."

http://g1.globo.com/politica/mensalao/noticia/2013/11/condenados-no-mensalao-se-entregam-policia-federal.html

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,stf-manda-prender-12-condenados-,1097124,0.htm

http://www1.folha.uol.com.br/especial/2012/ojulgamentodomensalao/

http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=512152

QLQRUA: A dor do filho que perdeu o pai vítima de câncer de próstata



O olhar dele é triste, assim como a face. Pelo semblante mostra que traz consigo uma grande dor. O nome não sei, mas sei o que o deixa com esses olhos sem brilho algum.

Há uns dias atrás ele perdeu o pai vítima de câncer de próstata. O jovem rapaz, 18 anos, perdeu um avó há 10 anos atrás da mesma doença. Perguntei-lhe se ele não tem medo de ser acometido pela doença e me respondeu que sim, que não quer passar pela mesma dor que o pai sentia, porém seu maior medo mesmo é que o irmão, apenas um ano mais moço, sofra com a doença.

De olhos baixos me contou a história. As lagrimas lhes escorrem as bochechas pálidas. "É a pior dor do mundo, essa saudade me maltrata. Ai, se ele tivesse feito o exame não teria morrido, eu acho", confidenciou baixinho (quase um sussurro).

Pelo que foi possível entender o pai descobriu a doença muito tarde e o tratamento não fez efeito. Tinha preconceito. O jovem ainda contou que o pai sofreu muito antes de morrer. Que a morte foi um alívio para o sofrimento causado pelas fortes dores, contudo não é o remédio para dor de quem ficou. De dez palavras ditas pelo menos oito falavam em dor.

As dores deste garoto não são físicas, são da alma. Apenas 18 anos e a experiência da perda de duas pessoas que amava muito. O avô e o pai vítimas de câncer de próstata talvez tivessem evitado o sofrimento excessivo de todos com uma atitude simples: a realização do exame de próstata.

O exame que aquele menino tristonho garantiu que fará e obrigará o irmão a fazer. Tudo que ele menos quer é que seus filhos futuros não sintam a saudade agoniante que sente agora. Tudo o que quer agora é afastar o fantasma do preconceito, o mesmo que lhe fez perdeu o seu herói.

Confira as demais crônicas da série Em Qualquer Rua.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013