sábado, 24 de maio de 2014

QLQRUA: O gigante e a princesinha

Foto: internet
O gigante e a princesinha mais parece um título de contos de fadas, mas não é. O homem era alto deveria ter cerca de 2 metros de altura e tinha o corpo largo. Era careca e usava cavanhaque. No rosto óculos e nos braços muitas tatuagens. Vestia preto e colar de caveira. Parecia um rockeirão dos anos de 1980 comuns no cinema norte-americano. Ele parecia um gigante de cara malvada. Ela era pequena, delicada, tinha por volta dos dois anos, pele branquinha, bochechas rosadinhas, cabelinhos loiros enroladinhos. Usava um vestidinho rosa e meia-calça de renda branca. Falava misturando as letrinhas o que mostrava que ainda era um bebê.

As duas figuras se ligavam por um laço forte. Eles eram pai e filha. Ele cúmplice da menininha e ela dele. Aqueles dois seres tão diferentes se completavam de uma forma única.

O homem de gestos e aparência bruta encantava pelos gestos sutis quando lidava com a filha. Suas gigantes mãos seguravam a mamadeira enquanto despreocupadamente ela se alimentava, depois com os dedos segurava o lencinho para limpar a boca da criança. Quando o soninho infantil bateu, ele a segurou firme e com os braços cobertos por desenhos a embalava. O rostinho angelical escondido no pescoço do gigante pai era como se estivesse em um abrigo contra a luz do dia.

Quando o cochilo passou ela levantou a mãozinha e agarrou a barbicha do pai, ele sorriu. O gigante por sua vez acariciou o rosto da pequena com os dedos. Era um carinho leve, um momento em que os dois trocavam olhares, um momento só deles.

Nesta cena graciosa em que o gigante grotesco vira mais suave que uma fadinha sabemos que as aparências não apenas enganam como também nos escondem a verdade. Nos toques entre o homem e sua menina vemos o quão é simples o amor e o quão é mágico é a relação entre pai e filhos.

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